A estudante de engenharia de software Vitória Okida, de 24 anos, moradora de Araçatuba (SP), usou a experiência e os conhecimentos em segurança digital para impedir que uma adolescente de 15 anos, que mora em São Paulo (SP), fosse abusada sexualmente. A hacker ainda auxiliou a polícia na localização e prisão do suspeito.
O caso ocorreu em março deste ano. Na ocasião, a jovem, que atua de forma voluntária em investigações policiais ligadas a plataformas de chats digitais, começou a monitorar uma conversa entre o suspeito e a adolescente pela plataforma de conversas Discord.
Vitória explica que o investigado atuava com um usuário do sistema, usando o nome de Barbey, e, durante um diálogo com outros membros, disse que pretendia estuprar a adolescente.
A partir disso, Vitória, que tem uma empresa de tecnologia de informação em Araçatuba e atua como hacker ética, decidiu monitorar as outras conversas do suspeito.
“Ele disse nas mensagens que, além de levar uma lâmina para passar no pescoço da vítima, ia estuprar e matar ela”, relata.
Durante as conversas, o suspeito publicou dados pessoais dos familiares da vítima, que foram cruciais para a hacker conseguir localizar contatos de parentes.
Em seguida, Vitória enviou uma mensagem ao pai da vítima, que, inicialmente, imaginou se tratar de algum tipo de golpe, mas, em pouco tempo, começou a perceber que a situação era real e estava próxima de acontecer.
“Depois disso, eu consegui entrar em contato com um outro familiar, que eu consegui orientar melhor sobre o que estava para acontecer”, conta.
O encontro entre a adolescente e o suspeito seria marcado em um shopping da capital paulista, porém, diante das evidências, os familiares da menina procuraram a polícia e registraram um boletim de ocorrência.
O agente policial Geraldo Moreira Gomes Filho, do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), em São Paulo (SP), explica que o trabalho da jovem foi primordial para a localização do suspeito.
“No caso do Barbey, recebemos muitas informações e provas que colaboraram para a prisão do investigado. O primeiro contato com a Vitória foi por conta do grande número de vítimas de violência pelas redes sociais e também por meio de uma jornalista que foi até a delegacia e nos apresentou a hacker. Diante disso, vimos que ela poderia nos ajudar nas investigações” , explica.
Após conseguirem autorização da Justiça, os policiais foram até a casa do suspeito, onde apreenderam alguns materiais que podem ser utilizados como provas do crime. O homem, que já tinha extensa ficha criminal, incluindo outros casos de abuso, foi preso.
“Realmente, o trabalho desenvolvido pelos hackers, como a Vitória, encurta as investigações, pois, sem o auxílio deles, seria necessário esperar que o autor cometesse um erro ou o crime. Isso leva tempo e pode trazer péssimas consequências”, finaliza o agente policial.
Fonte: G1