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Chegada do fenomêno La Niña deve ajudar a reduzir o calorão

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A Organização Meteorológica Mundial (OMM) afirmou na manhã desta quarta-feira (11) que há 60% de probabilidade de surgirem condições de La Niña no final deste ano.
A atual estimativa aponta que houve uma “redução” da probabilidade de ocorrência do fenômeno. Em junho, era de 70% a chance de o La Niña se consolidar entre agosto e novembro, segundo a OMM.
O La Niña ocorre quando há o resfriamento da faixa Equatorial Central e Centro-Leste do Oceano Pacífico. Ele é estabelecido quando há uma diminuição igual ou maior a 0,5°C nas águas do oceano. O fenômeno acontece a cada 3 ou 5 anos.
A agência da ONU alertou, porém, que o aquecimento do planeta em longo prazo permanece.
Para o Brasil, os efeitos clássicos do La Niña são:
– Aumento de chuvas no Norte e no Nordeste;
– Tempo seco no Centro-Sul, com chuvas mais irregulares;
– Tendência de tempo mais seco no Sul;
– Condição mais favorável para a entrada de massas de ar frio no Brasil, gerando maior variação térmica.
Ainda segundo a OMM, atualmente, as condições do fenômeno estão “neutras”.
As previsões mais recentes da organização indicam uma probabilidade de 55% de que as condições neutras (sem El Niño ou La Niña) passem para La Niña entre setembro e novembro deste ano, aumentando para 60% de outubro de 2024 a fevereiro de 2025, com pouca chance de um novo El Niño durante esse período.
Neste ano, o El Niño foi um dos mais intensos já registrados, com impactos por todo o país. Alguns especialistas chegaram a considerar o fenômeno um Super El Niño pela sua intensidade e extensão.
“Precisamos ver, na prática, como o La Niña vai se comportar e se realmente será um La Niña. Teoricamente, ele intensifica as chuvas no Norte e Nordeste do Brasil, abrangendo toda a faixa norte do país e da América do Sul. No entanto, o impacto no clima global não é tão simples”, diz Fábio Luengo, meteorologista da Climatempo.
Luengo explica que, diferente da OMM, a previsão mais recente da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês) aponta que o La Niña atingirá seu pico entre novembro e janeiro, com 74% de probabilidade em dezembro. Apesar disso, ele afirma que o fenômeno não deve ser intenso ou prolongado.
“Cada parte do mundo sente os efeitos de forma diferente, dependendo da época do ano. Por exemplo, um La Niña em dezembro tem efeitos distintos de um em junho, já que o clima sazonal também muda”, acrescenta.
O La Niña envolve o resfriamento em larga escala das águas da superfície do Oceano Pacífico central e oriental, além de mudanças na circulação atmosférica tropical, como ventos, pressão e chuvas.
Seus efeitos variam conforme a intensidade, duração, época do ano e a interação com outros fatores climáticos, mas geralmente traz impactos opostos aos do El Niño, principalmente nas regiões tropicais, onde fica boa parte do Brasil.
Por isso, apesar desses eventos climáticos naturais, a OMM afirma que o contexto mais amplo é o das mudanças climáticas provocadas pelo homem, que aumentam as temperaturas globais, intensificam eventos climáticos extremos e alteram padrões sazonais de chuva e temperatura.
Um exemplo disso é que os últimos nove anos foram os mais quentes já registrados, mesmo com a influência de resfriamento de um La Niña prolongado entre 2020 e o início de 2023.
“Desde junho de 2023, temos visto uma longa sequência de temperaturas globais excepcionais da superfície terrestre e marítima”, afirmou a argentina Celeste Saulo, secretária-geral da OMM.
“Mesmo que um evento de resfriamento de curto prazo La Niña surja, ele não mudará a trajetória de longo prazo do aumento das temperaturas globais devido aos gases de efeito estufa que retêm o calor na atmosfera”, acrescentou Celeste.
Fonte: G1 – Meio Ambiente
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